O PADROEIRO

FREI ANTÔNIO DE SANT'ANNA GALVÃO, OFM (1739-1822)

"Homem da Paz e da Caridade"

Monumento em homenagem a Frei Galvão
em sua cidade natal, Guaratinguetá.
Foto: Wikipédia.
Do Vaticano, por meio do Papa Bv. João Paulo II, em 25 de outubro de 1998, com quase quinhentos anos de história, o Brasil pôde finalmente apresentar ao mundo o seu primeiro Beato, Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, nascido em Guaratinguetá, no Estado de São Paulo, cidade não distante do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Em 11 de maio de 2007, durante sua primeira visita apostólica, o Papa Bento XVI o inscreveu nos Cânon dos Santos e o culto a este homem passou a ser universal. Sua festa litúrgica é 25 de outubro, data de sua beatificação.
Frei Galvão nasceu em 1739 de uma família profundamente piedosa e conhecida pela sua grande caridade para com os pobres. Batizado com o nome de Antônio Galvão de França, aos treze anos, foi enviado ao Colégio dos Padres Jesuítas no distrito de Belém da cidade de Cachoeira no Estado da Bahia, onde permaneceu de 1752 a 1756.
Voltando a Guaratinguetá, desejava entrar na Companhia de Jesus, mas o pai opôs-se por causa da perseguição do Marquês de Pombal às congregações religiosas e de modo particular aos jesuítas que acabaram sendo supressos. Assim Antônio foi encaminhado aos Padres Franciscanos, os quais exercitavam o ministério pastoral na vizinha paróquia de Taubaté. Em 1760, entrou no noviciado em Macacu, Estado do Rio de Janeiro, e no ano seguinte já fez a profissão religiosa. Em 11 de junho de 1762 foi destinado ao Convento de São Francisco na cidade de São Paulo, para estudar Filosofia e Teologia, ser ordenado sacerdote e ajudar, ao mesmo tempo, seus confrades no trabalho apostólico. Trabalhou como pregador, confessor e também porteiro do Convento de São Francisco em São Paulo, onde viveu durante 60 anos, até a sua morte ocorrida a 23 de Dezembro de 1822.
Mosteiro da Luz
A vida de Frei Galvão foi marcada pela fidelidade à sua consagração como sacerdote e religioso franciscano, e por uma devoção particular e uma dedicação total à Imaculada Conceição, como “filho e escravo perpétuo”. Além dos cargos que ocupou dentro da sua Ordem e na Ordem Terceira Franciscana, fundou em 1774 o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Luz da Divina Providência, hoje conhecido como "Mosteiro da Luz", na cidade de São Paulo, do qual tiveram origem outros nove mosteiros. O "Recolhimento", sob pressão do Capitão-Geral D. Martim Lopes Lobo de Saldanha, foi fechado no mês de junho de 1775, reaberto em agosto do mesmo ano, graças à permissão do Bispo de São Paulo, Dom Manuel da Ressurreição. Além de Fundador "Mosteiro da Luz", Frei Galvão foi também o projetista e construtor do Mosteiro que as Nações Unidas declararam Patrimônio Cultural da Humanidade.
Em 1780, foi condenado ao exílio porque tinha protestado contra a morte cruel de um soldado. Partiu imediatamente a pé para o Rio de Janeiro, porém com a rebelião do povo, o capitão revogou a sentença, e Frei Antônio voltou ao convento.
Enquanto ele ainda vivia, numa carta da Câmara do Senado de São Paulo ao Ministro Provincial dos Franciscanos em 17 de abril de 1798, lê-se: "Este homem, Frei Galvão, é preciosíssimo a toda esta cidade e vilas da Capitania de São Paulo, é homem religiosíssimo e prudente conselheiro do qual todos vão ao encontro para ter luz e conforto; é homem da paz e da caridade".
Era conhecido e procurado por todos como conselheiro e confessor, além de o franciscano que aliviava e curava os doentes e os pobres, no silêncio da noite. No Registro dos Religiosos Brasileiros, no fim do currículo da vida (1802-1806), afirma-se: "Seu nome, em São Paulo, mais que em qualquer outra localidade, é escutado com grande confiança; muitas pessoas de regiões longínquas vêm procurá-lo em suas necessidades, uma e mais vezes".
Em 1939, dele escrevia Dom Frei Henrique Golland Trindade: "Conselheiro, ouvido por leigos e por religiosos, sabia dizer a palavra justa ao pecador como também à alma de grande perfeição. Pacificador das almas e das famílias, dispensador de caridade sobretudo aos pobres e aos doentes. Foi um frade de muita caridade, de muita vida espiritual". Outro historiador assim escreveu: "Procurado para as confissões, para pacificar nas discórdias, para ajustar problemas temporais, além de ser zeloso, era sábio e prudente".
Voltando da fundação de Sorocaba, o Santo viveu ainda dez anos sempre em seu Convento de São Francisco. Quando as forças já não lhe permitiam mais andar do Convento ao Recolhimento, com a permissão dos Superiores e do Bispo, passou a morar nas dependências da obra por ele fundada. Na última doença, foi transferido para um quartinho atrás do Capela do Santíssimo Sacramento, no fundo da igreja por ele construída e inaugurada em 1802, onde as religiosas podiam oferecer-lhe assistência.
Faleceu em 23 de dezembro de 1822, assistido pelo superior e pelos confrades e sacerdotes, que admiravam suas virtudes e sua vida apostólica. Foi sepultado diante do altar-mor da igreja do Recolhimento da Luz.
Assim morreu um santo, suscitado por Deus para ser testemunha do seu amor.
Com muita fé rezemos: “Frei Galvão, intercede pelo teu e nosso Brasil!”

Fragmento da Homilia do Bem-aventurado João Paulo II na Beatificação de Frei Galvão:
“4. «O Senhor me assistiu e me deu forças, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada» (2 Tm 4, 17).
Esta mensagem de S. Paulo a Timóteo reflete bem a vida do Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, que quis corresponder à própria consagração religiosa, dedicando-se com amor e devotamento aos aflitos, aos doentes e aos escravos da sua época no Brasil.
Demos graças a Deus pelos contínuos benefícios outorgados pelo poderoso influxo evangelizador a que o Espírito Santo deu vida até hoje em tantas almas através do Frei Galvão. Sua fé genuinamente franciscana, evangelicamente vivida e apostolicamente gasta no serviço ao próximo, servirá de estímulo para o imitar como «homem da paz e da caridade ». A missão de fundar os Recolhimentos dedicados a Nossa Senhora e à Providência continua produzindo frutos surpreendentes: ardoroso adorador da Eucaristia, mestre e defensor da caridade evangélica, prudente conselheiro da vida espiritual de tantas almas e defensor dos pobres. Que Maria Imaculada, de quem Frei Galvão se considerava «filho e perpétuo escravo», ilumine os corações dos fiéis e desperte a fome de Deus até à entrega ao serviço do Reino, mediante o próprio testemunho de vida autenticamente cristã”. (Cf. Homilia na íntegra.)

Acesse também a Homilia do Papa Bento XVI na Canonização de Frei Galvão (Cf. na íntegra)

“Em honra da Santíssima Trindade, para exaltação da fé católica e o crescimento da vida cristã, pela autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos apóstolos Pedro e Paulo e nossa, depois de refletido longamente, invocado o auxílio divino muitas vezes, ouvido o parecer de muito dos nossos irmãos no episcopado, declaramos e definimos como Santo o beato Antônio de Sant’Ana Galvão, e o inscrevemos na lista dos Santos e estabelecemos que em toda a Igreja, ele seja devotamente honrado entre os santos. Em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo”.

BENTO XVI, PP.
São Paulo, 11 de maio de 2007.



FONTES:
Catequista Hermerson Saulo F. de Farias (Org.)

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